Tempo de leitura: 9 minutos
- Comece a ler para a criança o quanto antes. A experiência será tanto mais fácil e mais bem-sucedida quanto mais cedo você começar.
- Leia livros com histórias rimadas para estimular a linguagem e treinar o ouvido da criança.
- Com crianças de até 3 anos, é fundamental incluir na leitura em voz alta aquelas histórias previsíveis e de estruturas repetitivas (circulares, cumulativas, sequenciais etc.), como “A Casa Sonolenta”.
- Explore as histórias previsíveis e cumulativas. Quando você já tiver lido várias vezes a mesma história previsível, interrompa a leitura em alguns pontos-chave e permita que o ouvinte complete com a palavra que faltar.
- Aproveite cada momento livre (seu e da criança) para praticar a leitura em voz alta.
- Reserve ao menos um horário fixo para realizar, diariamente, a leitura em voz alta.
- Lembre-se: a arte de ouvir precisa ser aprendida. Ela deve ser ensinada gradualmente e cultivada. Não é algo que se consiga da noite para o dia.
- Comece com livros ilustrados com poucas frases por página e vá avançando para livros com cada vez mais texto e menos imagens, até chegar aos livros segmentados em capítulos e às narrativas longas (romances), que já não dependam de imagens.
- Convide a criança a virar as páginas do livro durante a leitura para incentivar sua participação.
- Antes de começar a leitura, diga sempre o título do livro e o nome do autor e do ilustrador – não importa quantas vezes você o tenha lido.
- Na primeira leitura que fizer do livro, discuta a ilustração da capa. Pergunte: “Sobre o que você acha que o livro vai falar?”.
- Conforme a leitura progredir, mantenha o interesse da criança perguntando, vez ou outra: “O que você acha que vai acontecer agora?”.
- Dê continuidade à leitura. Se você começou um livro, é sua responsabilidade terminá-lo, a menos que ele se revele um livro ruim. Não deixe a criança ou os alunos aguardando por três ou quatro dias entre a leitura de um capítulo e outro e espere que eles ainda estejam interessados.
- Desafie a inteligência da criança. De vez em quando, escolha uma leitura superior ao nível intelectual dela.
- Livros ilustrados podem ser lidos facilmente para crianças com grande diferença de idade. Isso já não é tão fácil com as narrativas longas (romances). Caso a diferença de idade seja superior a dois anos (implicando, portanto, diferenças emocionais e sociais), será melhor para cada criança se a leitura em voz alta for feita para ela individualmente. Isso exigirá um maior empenho dos pais, mas os frutos serão proporcionais ao esforço despendido. Assim você reforçará o caráter único de cada criança.
- Evite ler longos trechos descritivos até que a imaginação e a capacidade de atenção da criança estejam preparadas. Não há nenhum problema em reduzir esses trechos ou excluí-los da leitura em voz alta. Ler o texto com antecedência permitirá que você localize essas passagens, assinalando-as nas margens.
- Interrompa a leitura em um ponto de suspense da história se os capítulos forem longos, ou se você não tiver tempo para ler um capítulo inteiro por dia. Deixe os ouvintes na expectativa – as crianças ficarão contando os minutos para o próximo momento de leitura.
- Dê aos seus ouvintes algum tempo para que se acalmem e ajustem o corpo e a mente para receber a história. Se for uma narrativa longa, comece perguntando o que estava acontecendo quando a leitura foi interrompida no dia anterior. No momento da leitura em voz alta, os ânimos têm um papel fundamental. Um ríspido: “Quietos! Sentem-se direito! Prestem atenção!” não criará uma atmosfera de receptividade.
- Crianças excepcionalmente ativas ou relutantes podem achar muito difícil ficar sentadas para ouvir uma história. Papel, giz de cera e lápis coloridos podem ajudar a manter as mãos ocupadas enquanto a criança ouve a leitura.
- Se você estiver lendo um livro ilustrado, verifique se as crianças conseguem ver as imagens sem dificuldade. Caso você esteja lendo para uma classe, peça para que as crianças se sentem em um semicírculo em volta de você. Sente-se em uma posição um pouco superior à das crianças, a fim de que aqueles sentados ao fundo possam ver as ilustrações por cima da cabeça dos demais.
- Lembre-se de que todo mundo gosta de um bom livro ilustrado. Até mesmo adolescentes.
- Reserve um tempo para discussão após ler uma história. Um livro desperta idéias, esperanças, medos, promove descobertas. Deixe-os vir à tona e ajude a criança a expressá-los por meio da fala, da escrita ou de desenhos. Não transforme a discussão em um teste de perguntas e respostas, nem tente extrair da criança interpretações da história.
- Lembre-se de que são poucos aqueles com uma facilidade natural para ler em voz alta. Para uma leitura bem-sucedida e fluida, você precisará de treino.
- Seja expressivo ao ler. Se possível, mude o tom de voz para se adequar aos diálogos.
- Regule a velocidade de leitura conforme a necessidade da história. Ao ler um trecho de suspense, diminua o ritmo e fale mais baixo. Uma voz baixinha no lugar certo arrasta os ouvintes para a pontinha da cadeira.
- Tenha o leitor sete anos de idade ou quarenta, o erro mais comum ao ler em voz alta é fazê-lo rápido demais. A velocidade da leitura deve permitir que a criança construa imagens mentais com base no que está ouvindo. Permita que a criança aprecie as ilustrações do livro sem apressá-la. Se você lê rápido, não conseguirá empregar uma boa expressão vocal;
- Leia o livro com antecedência. Isso lhe permitirá identificar os trechos que deseja reduzir, excluir ou trabalhar melhor durante a leitura em voz alta.
- Dê vida ao autor, assim como ao livro. Faça uma pesquisa no Google sobre o escritor, procure por seu site pessoal, leia sempre as informações da orelha do livro. Antes ou durante a leitura, conte à criança algo sobre o autor. Assim ela saberá que o livro é escrito por pessoas, não por máquinas.
- Saiba ser um “coach”. Quando você chegar a um trecho da história cuja importância possa escapar ao ouvinte, faça uma pausa e comente: “Hm… Isso deve ser importante”.
- Dê ao livro uma terceira dimensão sempre que possível. Por exemplo, arranje uma travessa de morangos para que as crianças possam saborear durante ou após a leitura de “O Ratinho, o Morango Vermelho Maduro e o Grande Urso Esfomeado”, ou aproveite o passeio no parque para sentar-se debaixo de uma árvore e ler “A Árvore Generosa”.
- Use a enciclopédia oportunamente. Uma vez ou outra, quando a criança fizer uma pergunta sobre o texto, combine de procurar a resposta junto com ela em uma enciclopédia. Isso a ajudará a ampliar sua base de conhecimentos e a desenvolver a capacidade de pesquisa.
- Os papais devem se esforçar por ler para as crianças. Uma vez que a maioria dos professores primários são do sexo feminino, garotos costumam tomar a leitura por “coisa de menina” e dever escolar. E, infelizmente, é mais comum ver um pai jogando videogame com o filho do que passeando com ele na biblioteca. Não é por acaso que as notas dos meninos nas escolas despencaram nas últimas quatro décadas. O envolvimento do pai com a leitura pode fazer muito para que o filho passe a gostar de livros tanto quanto de esportes.
- Pendure na porta de casa o aviso: “Antes de sair, não esqueça seu livro de emergência”. Assim como levamos um guarda-chuva em dias chuvosos, devemos levar um livro no carro para ajudar a passar o tempo no engarrafamento, durante a viagem à praia ou durante a espera no dentista;
- Afixe um mural na parede de casa para registrar os livros lidos ao longo do ano. Adesivos de árvore, frutas, estrela etc. podem funcionar como lembretes das histórias lidas. Afixe também um mapa-múndi ou do Brasil na parede e vá marcando os locais onde as histórias foram ambientadas;
- Reserve um tempo para a criança ler por conta própria (ainda que “ler” se resuma a virar as páginas de um livro ilustrado). De pouco adianta criar na criança a motivação para ler, lendo para ela em voz alta, se em casa não há tempo para que ela mesma leia livros;
- Dê o exemplo. Além daqueles momentos dedicados à leitura em voz alta, é importante que seus filhos vejam você lendo por prazer. Compartilhe com eles seu entusiasmo pelo que estiver lendo.
- Regre o tempo que a criança pode passar em frente à TV. Pesquisas comprovam que depois de 10 horas semanais vendo TV, o desempenho escolar começa a cair. Assistir à televisão em excesso é viciante e prejudicial ao desenvolvimento da criança.
- Quando a criança manifestar o desejo de ler para você, é melhor que o livro seja mais fácil do que mais difícil, assim como é melhor que a primeira bicicleta seja pequena, e não grande demais.
- Você pode incentivar o filho mais velho a ler para o mais novo, desde que isso seja uma atividade paralela, e não uma substituição da leitura que você deve fazer. Lembre-se: o modelo primordial de leitor é o adulto.
Tradução com adaptações de trecho do livro The Read-Aloud Handbook, de Jim Trelease
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