Livro Didático: como Escolher e Avaliar

Tempo de leitura: 4 minutos

Natal, ano novo, viagens, descanso, calor e eis que chegamos ao mês de janeiro, com o retorno às aulas já despontando no horizonte. As datas de início do calendário de estudos, bem como as coisas a serem providenciadas para a realização dos mesmos variam bastante nas listas das famílias, no entanto, independentemente da série, da escola, ou até da modalidade educacional adotada, uma coisa é certa: os livros didáticos figurarão entre as aquisições indispensáveis.

As escolas particulares costumam recomendar determinados títulos; as públicas doam exemplares custeados pelo governo; já os homeschoolers precisam examinar, selecionar e adquirir por conta própria aqueles livros que melhor se encaixam na proposta educacional que a família escolheu para si. Seja qual for o caso, esta é uma etapa importante na formação da criança, para bem – em se tratando de material de boa qualidade – ou para mal – em se tratando de material de má qualidade e/ou panfletária.

Mas como estar atento à qualidade dos títulos escolhidos? Como conseguir selecionar o melhor material? Deixo aqui algumas sugestões divididas de acordo com a modalidade educacional adotada, isto é, educação escolarizada e educação domiciliar:

Educação escolarizada

1. Tenha no horizonte os parâmetros curriculares nacionais*: por meio deles você saberá o que o Ministério da Educação e Cultura tem em mente para cada série do ensino fundamental e do ensino médio para o seu filho. Acredite, você se assustará com a quantidade de conteúdos irrelevantes ou mesmo indevidos que se tornaram obrigatórios;

2. Leia os livros sugeridos ou doados pela escola assim que forem adquiridos ou recebidos pelo seu filho. Se você acha que uma leitura completa de todo material é muito difícil para você, verifique, no mínimo, os índices e leia, então, pelo menos dois capítulos aleatórios de cada livro. Assim você ficará minimamente ciente do que está sendo transmitido em sala de aula e poderá antecipar ou evitar problemas e dificuldades;

3. Quanto mais cedo você tomar conhecimento dos conteúdos abordados nos livros e mais trabalhar para difundir entre os demais pais uma participação mais ativa na formação das crianças, mais força vocês terão para sugerir ou reivindicar modificações no plano de aulas adotado;

4. Uma vez detectado algum problema sério em algum dos títulos, uma saída possível será a adoção de algum material alternativo escolhido por você, para que assim, à maneira dos homeschoolers, os conteúdos sejam abordados paralelamente, em casa, da forma e no tempo corretos. Desta maneira, embora seu filho possa estar recebendo uma formação da qual você discorda em algum aspecto, você terá a oportunidade de ensinar-lhe como as coisas são de fato.

Educação domiciliar

1. Tenha no horizonte os parâmetros curriculares nacionais e tome-o apenas como uma referência remota dos conteúdos que você deve abordar com o seu filho ao longo do ensino fundamental e médio;

2. Converse com outras famílias homeschoolers e conheça os arranjos curriculares por eles adotados: você poupará um tempo precioso ao evitar materiais já conhecidos, avaliados e rejeitados por pessoas de sua confiança;

3. Evite materiais didáticos brasileiros elaborados recentemente, isto é, prefira livros antigos: eles costumam ser melhores, mais ricos, mais bem organizados, raramente contém erros gramaticais e, melhor de tudo, dependendo da época de publicação, ainda livres das adulterações ideológicas tão corriqueiras nas obras atuais;

4. Busque referências estrangeiras: há materiais para todos os gostos e bolsos no exterior. Eu, particularmente, encontrei verdadeiros tesouros em sites de matemática (como www.ixl.com, por exemplo) e livros de história (da Susan Wise Bauer).

No entanto, para além da questão do livro didático propriamente dito, há ainda um outro aspecto que precisa ser levado em conta quando avaliamos o aproveitamento da criança: o modo e o tempo que a própria criança precisa para assimilar o conteúdo apresentado por meio dos livros. Mas este é um assunto para o próximo post. 😉


Essas dicas foram úteis para você? Deixe um comentário aqui embaixo. Eu adoraria saber sua opinião sobre esse assunto.

* Link com os conteúdos de primeira à quarta séries: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12640:parametros-curriculares-nacionais-1o-a-4o-series&catid=195&Itemid=164

Link com os conteúdos de quinta à oitava séries: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12657:parametros-curriculares-nacionais-5o-a-8o-series&catid=195&Itemid=164

Link com os conteúdos do ensino médio: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12598:publicacoes&catid=195&Itemid=164

Sobre Camila Abadie

Camila Abadie

Esposa, mãe homeschooler e dona de casa. Escreve no blog Encontrando Alegria, onde compartilha as experiências de sua família com o ensino domiciliar.

27 Comentários

  1. Marilei

    Camila,estou feliz por vcs,nesse blog,cooperarem com tantos pais que querem e podem,ainda,escolher a educação e formação a ser dada aos seus filhos. Minha filha já está com 28 anos e enfrentou todo um caminho que outros não precisam. O sábio aprende com a advertência.Não sofrerá danos se confiar em Deus e em sua palavra. Sua casa não será destruída,mesmo em meio ás intempérias.Meu desejo é reaprender para ajudar outros.Um abraço.Obrigada!

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  2. LucasG

    Parabéns Camila ! Parabéns Carlos Nadalim

    Vocẽs estão ajudando a criar um uma geração saudável, uma geração que é capaz de ler e interpretar pois nem os nossos estudantes de faculdade são capazes disto. Estão ajudando uma geração a aprender o que realmente importa, o que realmente é válido e o que realmente funciona e há milhares de pais que podem atestar :)

    Os nossos filhos se ficarem na escola do governo (ou particular) sairão jovens violentos e agressivos e muitas vezes incapazes de saber que eles estão agressivos. A agressividade na escola pública e particular é normal e estimulada por professores construtivistas.

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    1. Camila Abadie

      Olá, Lucas! Sugiro que você procure as publicações de Pascal Bernardin e John Taylor Gatto. Por meio das pesquisas destes autores conseguimos compreender ainda melhor o que está em curso nas escolas. É forte. Assusta. Mas é essencial para conhecermos a realidade.

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  3. Leonardo

    Fiquei muito entristecido quando percebi que o material didático adotado na escola (católica!) da minha filha de 6 anos é nitidamente forjado segundo os moldes da “religião” universal dos direitos humanos. Os valores familiares são totalmente distorcidos para atender a agenda estabelecida para nossos dias. Nas entrelinhas, percebo com clareza a técnica de reforma psicológica adotada pelos doutrinadores, abordadas no livro (que recomendo fortemente) Maquiavel Pedagogo, do Pascal Bernardin. Infelizmente, eu e minha esposa não temos condições de educar nossos filhos em casa por trabalharmos fora em tempo integral, por isso precisamos manter uma vigilância total, na tentativa de minimizar, em casa, os efeitos tão nocivos dessa “nova ordem educacional”.
    Um abraço!

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    1. Camila Abadie

      Olá, Leonardo! Pois é, está a cada dia mais complicado. Que bom que sua filha percebe que a autoridade de vocês, enquanto pais, está acima da autoridade dos professores. Isso é indispensável para que o trabalho que vocês empreendem ao desfazer as mentiras e manipulações seja eficaz. Fiquem firmes! Um abraço!

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  4. Graziela Rodrigues Muniz

    Moro no interior do Espirito Santo, minha filha já tem 4 anos e nunca foi em uma escolinha, gostaria de algumas dicas de como posso alfabetiza-la, pois penso que não teremos uma pré escola por aqui novamente. Obrigada

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    1. Camila Abadie

      Querida Graziela, vou chover no molhado, mas não conheço caminho melhor: procure entrar para a próxima turma do prof. Carlos Nadalim no seu curso “Ensine seus filhos a ler de forma eficaz”. Ali você terá todas (todas mesmo) as ferramentas necessárias para realizar uma excelente pré-escola com sua filhinha. Um abraço!

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  5. Adriana

    Obrigada, Camila!
    Suas dicas me ajudarão e, com certeza, ajudarão outros pais na busca por uma melhor educação para seus filhos.
    Grande abraço e que Deus continue abençoando seu trabalho e sua família!

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  6. Fernanda

    Oi Camila, tudo bem?

    Suas dicas são muito preciosas e creio que irão ajudar muitos pais que estão nessa jornada da educação de seus filhos.
    Pratico o ensino domiciliar com minha filha desde que ela era bebê e esse ano ela estaria começando o primeiro ano do ensino fundamental se fosse para a escola. Hoje, por curiosidade, dei uma folheada num livro didático e fiquei assustada, pois o conteúdo do livro foi o que ensinei pra minha filha quando ela tinha 3 anos. Ela já lê fluentemente, começou aos 4 anos (método fônico através de desenhos estrangeiros e brincadeiras despretenciosas). Nós também utilizamos o site IXL, dentre outros, que gostaria de deixar aqui como sugestão aos pais que praticam o ensino domiciliar. Infelizmente os sites são na língua inglesa, mas por outro lado ótimos, inclusive, para as crianças aprenderem o idioma.

    abcmouse.com – este minha filha usou dos 2 anos até os 5. É pago, mas vale cada centavo.
    readingbear.com – ensina a ler em inglês (ótimo para aprender inglês)
    education.com – exercícios e atividades para todas as séries escolares
    worksheetworks.com – crie seus próprios exercícios. Em alguns dá para criar o exercício em português.
    abcya.com – atividades em forma de jogos
    abcteach.com – tem tudo e até o inglês como segunda língua. Muito bom!
    kidsbiology.com – biologia (minha filha adora esse)
    mathsisfun.com – como o próprio nome diz
    abcjesuslovesme.com – para quem é cristão, neste site tem o currículo completo para crianças até 5 anos. Pode-se fazer uma adaptação para usar em português.

    E por fim, tomei conhecimento na semana passada de uma metodologia que se chama “Abordagem por princípios” ou “Educação por princípios” que achei muito interessante e que estou pensando seriamente em utilizar aqui em casa. Parece dar um pouco de trabalho no início, mas creio que os resultados são os melhores possíveis em todos os sentidos. Nessa metodologia não existe livro didático, mas um estímulo à pesquisa. Ainda estou me inteirando, mas deixo a sugestão. Em inglês o nome é “Principle Approach”.

    Então fica aqui minha contribuição aos pais que desejam praticar o ensino domiciliar.

    Um grande abraço,

    Fernanda

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    1. Gustavo

      Puxa, Fernanda! Obrigado pelas dicas! Vou passar para minha esposa usar com meu filho de quase 6 anos. Estou preocupado com ele, pois está indo para a 1a série e ainda não lê. A maioria dos colegas já lê. Tenho receio que ele não consiga acompanhar as aulas e fique desestimulado e com aversão à escola. Na verdade, gostaria de tirá-lo da escola e praticar o homeschooling.

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    2. Camila Abadie

      Querida Fernanda, eu é que agradeço! Você está de parabéns pelo excelente trabalho que vem realizando! E muito obrigada pelos links! Alguns deles eu já conhecia, mas outros ainda não. Irei pesquisar agora mesmo. 😉
      Um abração!

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  7. Marcos Nunes

    Boa Noite
    Acompanho o trabalho do professor Carlos Nadalim. Poderia entrar em contato com familiares meus que tem filhos pequenos e precisam educá-los? Abaixo os emails:
    [email protected] (Ana Paula que tem uma filha com 1 ano e um filho com 5 anos)

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  8. Luciano

    Ótimo texto. Imagine você, sou professor de história e é muito difícil, na hora da escolha do livro didático a ser utilizado pelas turmas da escola onde trabalho, propor um livro mais adequado e livre de doutrinação. Primeiro porque é bem raro encontrar um livro atual sem esse problema, e segundo porque a escolha no caso da escola pública implica em debater com os outros colegas professores, que nem sempre estão dispostos a fugir dessa doutrinação, ao contrário, são entusiastas em incentivá-la. Dessa forma, só me resta preparar um material alternativo para usar paralelamente ao livro, que utilizo fazendo reservas e correções.

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    1. Fátima Pimentel

      Obrigada professor Luciano! Sempre me entristeço com os professores de história que deixam de educar partilhando o bem, para doutrinarem as crianças e os jovens naquilo que eles acreditam, muitas vezes com ensinamentos que refletem uma revolta interior contra a fé dos alunos e querendo impor com sórdidos argumentos, uma doutrinação quer religiosa, quer afetiva, quer partidária. Alguns são patéticos, promovendo a quebra total de valores na mente dos jovens, deixando-os muitas vezes totalmente perdidos. Uma tragédia que professores, na nobre missão de ensinar, infelizmente hoje vivem. Saber que existe UM professor de história que ensina com amor e alegria e sem revoltas interiores, com certeza alegrou o meu coração.

      Responder
    2. Camila Abadie

      Caro Luciano, fique firme! Embora pareça pequeno, o seu trabalho é simplesmente essencial ao seus alunos! Não desista!
      Um grande abraço!

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  9. A escolha dos livros didáticos nas escolas particulares acontece sob forte influência das grandes editoras.
    Nas escolas menores, de pouco poder econômico (e de pouca capacidade docente), são oferecidos, por exemplo, os uniformes dos alunos em troca da utilização de versões antigas e desatualizadas de livros que estão mofando no estoque das editoras.
    Um abraço.

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  10. Raissa

    Ótima, foi de bastante ajuda.
    To querendo começar o Homeschooling, meu filho vai fazer 2 anos
    Tem dicas de livros, matérias, materiais?

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    1. Camila Abadie

      Querida Raíssa, considerando a faixa etária do seu filho, não há nada melhor nem mais adequado, no Brasil, que o curso do prof. Carlos, sinceramente. Lá, além de muitos exercícios (muitos mesmo), há muito material, além do treino para a busca de bons conteúdos. Enfim, trata-se de um pequeno curso de pedagogia, mas sem ser chato e sem seguir as abobrinhas do MEC.

      Responder

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