Uma Fase Crucial no Desenvolvimento da Fala de Seus filhos. Balbucio | Parte 1

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Uma fase crucial no desenvolvimento da fala de nossos filhos, que deixa saudades quando passa, é a do balbucio. Como entendê-lo corretamente a fim de ajudar os pequenos nesse momento importantíssimo? É sobre isso que eu falo no vídeo de hoje. Assista!

A palavra “balbucio” é frequentemente empregada para se referir a uma das fases do desenvolvimento lingüístico das crianças, o que não é de todo errado. Mas você sabia que há outros tipos de balbucio? Já ouviu falar do balbucio musical? E o que dizer do balbucio do homem trabalhador? Trataremos disso neste artigo. E, como o balbucio lingüístico é o mais conhecido, começamos por ele.

Durante o aprendizado da língua materna, o bebê passa pela fase do balbucio lingüístico. E como isso acontece? Primeiro, escuta a fala dos adultos e assim acumula sons verbais, os quais servirão para desenvolver tanto o vocabulário de balbucio, quanto o vocabulário de fala.

Incapaz inicialmente de articular os sons necessários à expressão no seu idioma, a criança permanece um bom tempo na fase de vocalização, um dos primeiros passos rumo à imitação da fala. Dependendo da qualidade da estimulação que recebe, entre os seis e os doze meses de idade migra para o balbucio.

Em certos casos, não demora muito a proferir as primeiras palavras e, até mesmo, sentenças (é claro que a transição de uma fase para a outra varia de criança para criança, pois entram em cena fatores como a qualidade da estimulação, o desenvolvimento do aparelho fonador, a idade cronológica e lingüística e muitos outros).

A qualidade de comunicação de uma criança deita raízes no tipo de estimulação verbal que recebe em seu ambiente lingüístico. Quanto mais rica e variada for a linguagem que escuta, maior será sua capacidade de comunicação. E o motivo é muito simples: o vocabulário da fala nada mais é do que uma atualização do vocabulário que se ouve.

Podemos afirmar que habilidades mais avançadas, tais como a leitura e a escrita, têm suas raízes nas habilidades primárias de escuta e de fala. Sabemos que o vocabulário de audição e de fala é o fundamento para a aquisição da leitura e da escrita. E por quê? Porque a escuta está para a leitura, assim como a fala está para a escrita.

Quando lemos ou ouvimos, ocupamos a posição passiva; quando falamos ou escrevemos, a ativa (esse assunto já foi discutido aqui no blog sob o título Um Erro Frequente na Maioria das Escolas. Caso tenha interesse, eis o link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=hHPv_RdGTgI). Daí podemos extrair várias conclusões: a) as habilidades passivas precedem as ativas; b) não há fala sem escuta, muito menos escrita sem fala; c) o desenvolvimento natural e progressivo das aptidões lingüísticas deve seguir a seqüência escuta, fala, leitura e escrita; d) no aprendizado da língua materna (e de outras línguas), a aquisição simultânea dessas quatro habilidades comprometerá negativamente as aptidões lingüísticas do aprendiz.

Nesse processo, a fase de balbucio é de fundamental importância, pois faz a ponte entre a escuta e a fala. Mas a permanência prolongada nessa fase pode comprometer as aptidões lingüísticas das crianças, razão pela qual é missão dos pais enriquecer as experiências lingüísticas de seus filhos, especialmente na primeira infância.

O balbucio também é uma das fases do aprendizado musical. Do mesmo modo que na aquisição da língua materna, primeiro a criança absorve sons musicais de seu ambiente, colecionando no seu léxico musical canções de sua cultura, que servirão de base para a formação do futuro vocabulário de balbucio e de imitação. Depois de um longo período de escuta de canções e de familiarização aos sons musicais, a criança responde à música com movimentação e balbucio. De início, as respostas são aleatórias, pois não se relacionam diretamente com os sons que escutam.

Contudo, dependendo mais uma vez da qualidade da estimulação, não tarda muito em se tornarem intencionais, com tentativas de relacionar o movimento e o balbucio aos sons musicais. Está-se assim a um passo da imitação. Mas imitação de quê? De padrões tonais e rítmicos – as menores unidades de significado em música.

Os padrões tonais se realizam pelo canto; os padrões rítmicos pela entoação e pela movimentação. No primeiro caso, usando a voz cantada, a criança canta alturas; no segundo, ainda que de forma irregular, entoa células rítmicas, associadas muitas vezes a movimentos corporais. Entretanto, nada disso acontece sem o acúmulo de um vocabulário de escuta musical que promova o balbucio e, consequentemente, desemboque na imitação.

Nota-se que o percurso da aprendizagem musical é muito similar ao da aquisição da língua materna. Muda-se apenas o conteúdo imitado. Em ambos os casos, porém, a audição é a fonte geradora de tudo o mais. E entre a escuta e a imitação, quer de sons verbais, quer de padrões tonais e rítmicos, estão o balbucio lingüístico e o balbucio musical. É esse mais ou menos o resumo da ópera.

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